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CIDADÃOS

Informação sobre PMA

Técnicas de PMA

INTRODUÇÃO

Quando após um ano de relações sexuais regulares, sem qualquer contraceção, não ocorre uma gravidez viável considera-se que existe uma infertilidade conjugal. Dados recentes apontam para que em cerca de 10% dos casais se estabeleça um diagnóstico de infertilidade e que cerca de metade desses casais venham a necessitar de tratamentos de procriação medicamente assistida (PMA).

Este tipo de tratamento torna-se também inevitável nos casos de mulheres sem parceiro ou de casais de mulheres, cujo acesso aos tratamentos de PMA ficou consagrado após a publicação da Lei n.º 17/2016, de 20 de junho. 

 

CAUSAS DE INFERTILIDADE

Relativamente às principais causas de infertilidade, há uma proporção muito semelhante entre os fatores de ordem feminina e masculina, com particular destaque para os problemas na ovulação, a doença das trompas uterinas ou do útero, a endometriose e as anomalias na produção de espermatozoides.

 

TÉCNICAS DE PMA

Inseminação Artificial (IA)

Principais indicações:

  • Problemas de ovulação.
  • Alterações ligeiras do número e motilidade dos espermatozoides.
  • Disfunções sexuais.
  • Infertilidade de causa inexplicada de curta duração (situação em que após o estudo do casal não se encontra uma explicação para a infertilidade).
  • Necessidade do recurso à doação de espermatozoides por ausência da sua produção (azoospermia secretora).
  • A inseminação com recurso a espermatozoides doados constitui igualmente uma indicação para mulheres sem parceiro ou casais de mulheres.

A IA inicia-se após o período menstrual com a administração de fármacos por via oral ou injetável. O objetivo consiste em promover a ocorrência da ovulação num determinado momento (identificado ecograficamente), altura em que, os espermatozoides, depois de devidamente preparados laboratorialmente, são introduzidos no útero através de um pequeno cateter. É um tratamento relativamente simples e indolor com taxas de sucesso que rondam os 10% por cada tentativa. Nos casos de utilização de espermatozoides doados, essas taxas podem ultrapassar os 15%. 

 

Fertilização in Vitro (FIV)

O recurso à FIV tem um âmbito bastante mais alargado do que o da IA. As indicações mais frequentes são:

  • Obstrução ou ausência bilateral das trompas uterinas.
  • Endometriose.
  • Insucesso dos tratamentos mais simples como a indução da ovulação e a IIU.

A FIV também se inicia após o período menstrual. A estimulação dos ovários é efetuada com medicação injetável durante um período médio de 10 dias e o objetivo será o de obter um determinado número de ovócitos (idealmente próximo de 10). O exame ecográfico e (nalguns casos) análises ao sangue, determinarão o momento ideal para a colheita desses ovócitos (punção folicular), efetuada por via vaginal, sob sedação ligeira, de modo a ser indolor. No mesmo dia é efetuada uma colheita de espermatozoides que, depois de preparados no laboratório, são colocados em incubação com os ovócitos. Em média, a taxa de fecundação é cerca de 70%. Após um período de desenvolvimento, que pode durar entre 2 a 5 dias, um a dois embriões são transferidos para o útero da paciente num processo simples e indolor que não requer qualquer tipo de sedação. Cerca de duas semanas após a transferência embrionária é realizado um teste sanguíneo que determinará a ocorrência ou não de gravidez. As taxas de sucesso da FIV rondarão os 25% a 30% por cada tentativa.

 

Microinjeção Intracitoplasmática de Espermatozoide (ICSI)

A ICSI tem como principais indicações as seguintes situações:

  • Infertilidade masculina grave.
  • Casos de fecundação nula ou muito baixa numa FIV anterior.

É em tudo semelhante à FIV no que diz respeito às diferentes fases do processo, com exceção para a técnica utilizada para a fecundação dos ovócitos. Neste caso é selecionado um espermatozoide para injeção direta no ovócito, daí a designação de microinjeção. A taxa de sucesso é ligeiramente inferior à da FIV, embora se admite que as situações de pior prognóstico quando é colocada a indicação de ICSI possam explicar essa menor taxa de sucesso.


Transferência de Embriões Criopreservados (TEC)

As técnicas de criopreservação de embriões evoluíram de forma muito significativa nos últimos anos. Atualmente a taxa de sobrevivência dos embriões, após a sua descongelação, é alta e as taxas de sucesso são sobreponíveis às da transferência de embriões "a fresco".

A TEC tem por base um tratamento médico muito simples. O objetivo é o de garantir que o útero (endométrio) se encontre em condições ideais para a implantação do embrião quando este for transferido. Para que tal aconteça, pode recorrer-se à administração de um suplemento de estrogénios ou, simplesmente, "aproveitar" as condições naturais criadas pelo próprio organismo, nos casos de pacientes com ciclos menstruais regulares.

 

COMPLICAÇÕES

As complicações que podem resultar dos tratamentos de PMA são hoje em dia muito menos frequentes do que no passado. Se tivermos em conta as implicações para a grávida e para os recém-nascidos de uma gravidez múltipla, podemos considerar que esta é, atualmente, a complicação mais grave e a mais comum. Essa é a razão pela qual as autoridades competentes, como o CNPMA, insistem na transferência preferencial de apenas um embrião para a cavidade uterina em cada tentativa, nomeadamente em mulheres com menos de 35 anos.

Uma outra complicação, felizmente rara, designa-se por síndroma de hiperestimulação dos ovários. Resulta de uma resposta excessiva dos ovários à medicação, com alterações hormonais associadas que, em casos extremos, pode obrigar a internamento hospitalar. No entanto, a monitorização da doente durante o tratamento e a utilização de fármacos específicos permitem que a sua incidência seja inferior a 1%.